A fragilidade dos laços humanos, escoante de vertentes cada vez mais questionáveis.
Porque acabam os relacionamentos? Donde o até que a morte os separe e a indissolubilidade dos laços fraternos e emocionais?
Eis a questão...
Quero falar de amor, ou melhor, sobre o amor; do amor-sentimento e do amor mercantilista que agrega várias facetas a essa palavra tão em moda: amor.
A grande realidade é que banalizaram tanto o amor, ou tentaram racionalizar o amor a ponto de dar-lhe parâmetros do que é um amor verdadeiro. Haja explicações para essa questão!
A cada um que se pergunte o que é o verdadeiro amor, uma resposta, porém, todos com o sentimento idealizado e rotulado, obedecendo um padrão “de qualidade”.
A mim, basta saber que amor que se explica é amor que não se sente.
Desde que o “até que a morte os separe” caiu em desuso ( neste tocante: graças a Deus, pois pessoas que mal se suportavam viviam vidas inteiras de tolerância e aparência. Muitas vezes a morte do amor já os tinha separado há décadas).
Mas, voltando ao tópico, desde que o até que a morte os separe saiu de moda, das novelas e folhetins, a palavra amor virou um substantivo bem flexível que vai desde uma noite de prazeres carnais quanto a uma vida inteira ao lado do outro, com dedicação e harmonia.
Sabedores que cada ser é singular, percebemos que a pluralidade acaba gerando uma falsa sensação de amor.
O desencontro de uma lógica plausível torna o preenchimento da lacuna da compreensão quase que humanamente impossível, pois é quase uma matemática ininteligível, já que num relacionamento cada um é uma equação ( quase incógnita, levando-se em conta que levamos mais de uma vida para aprender o conhece-te a ti mesmo, mas, temos a pretensão de conhecer o outro mais que a nós mesmos. Para se construir um relacionamento é necessário dois seres, mas para finaliza-lo basta apenas a vontade de um deles.
Hoje vejo a palavra amor dizendo menos do que está contida em seu contexto. Já não há a maturação do desejo, a surpresa do encontro, alma com alma quando se materializa o abraço. Então quando o desejo é saciado, nestes relacionamentos onde se banalizou o amor, resta o gosto amargo de “tentar de novo”, com outro parceiro, outro amor, outro engodo.
Muitos relacionamentos hoje em dia, feitos de superficialidade ( tanto amores como amizades ou parentesco) enfraquecem a coragem do olho no olho e coração com coração.
Os valores foram invertidos pela conveniência de situações, e posições sócio-emocionais e isso traz uma liquidez sentimental, ou literalmente: o amor escorre entre os dedos.
A solidariedade humana está em baixa cotação no mercado amoroso, pois existem “N” meios para se levar alguém a faturar milhões vendendo a ilusão da conquista fácil, numa caixa bonita e grande laço de fita com o rótulo de amor. E ouve-se falar de amor de uma forma vazia, irresponsável e impiedosa; um brinquedo, um joguete sabiamente usado pelos vilões ( e vilãs) que ao solfejar a tão sublime palavra amor, o conspurcam e desonram. Amizades terminam desastradamente, casamentos se consomem num abrir e fechar de olhos, famílias se desfazem, numa guerra em nome do “amor”(próprio).
Se voce que me lê agora está racionalizando e analisando o texto, e até se perguntando qual o propósito dele, eu lhe direi:
Não, meus amigos, não tive uma decepção amorosa, nem de amizade e nem de parentesco, apenas suscito a reflexão sobre a forma como amamos e qual o verdadeiro sentido da palavra amor em nossas vidas.
Levanto a bandeira: AME, SE SENTIR AMOR.
E, se o sentir, que seja infinito.Não enquanto dure, mas infinito a ponto de levar esse amor de alma a todas as vidas posteriores a esta. Vamos ressuscitar o amor-sentimento, o amor-compaixão, o amor-verdade, o amor que transforma vidas ( nossas e outras), o amor que transcende.
AME, MAS SÓ SE SENTIR AMOR. Do contrário será somente uma falácia para ouvidos moucos e corações mornos.
E para finalizar: se voce perdeu um grande amor (namorado, amigo ou parente) agradeça, não era amor nem tampouco grande.
Cira Munhoz
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