segunda-feira, 27 de abril de 2015

SEPARAR-SE DÓI, MAS PODE SER UMA BÊNÇÃO...


Separar-se dói, mas também pode ser uma benção... É possível separar-se de alguém com respeito e com ternura. É possível um divórcio verdadeiramente amigável. Mas para isso é preciso que as duas pessoas envolvidas no processo de desfazer um laço de intimidade tenham amadurecido o suficiente para conhecer a si mesmas. Caminhamos lado a lado com algumas pessoas em alguns momentos da vida. Segundo uma professora de hatha ioga, Walkiria Leitão, “A vida é como atravessar uma ponte. Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas que nos cercam agora ou com quem chegaremos do outro lado. Mas sempre há alguém por perto. Nunca estamos sós.” O medo da solidão, muitas vezes, faz com que as pessoas suportem o insuportável. Ou se lamentem após uma separação, apegadas até mesmo aos conflitos conhecidos. Ainda há mulheres que sofrem violências morais e até mesmo físicas de seus companheiros ou companheiras. Ainda há homens que sofrem violências morais e até mesmo físicas de suas companheiras ou companheiros. Como dar limites? Como conhecer esses limites? Quando os limites são desrespeitados, as dificuldades começam. Dificuldades que podem levar à separação e ao divórcio. Dificuldades que podem levar ao sofrimento filhos e filhas, animais de estimação, amigos, familiares. Caminhamos lado a lado. Ou não... Quando nos afastamos e nos distanciamos, nunca é repentino. Um processo que, se desenvolvermos a clara percepção da realidade do assim como é, poderemos prever, antecipar e até mesmo alterar o desenvolvimento do processo. Entretanto, se não conseguirmos antever o que já acontece, se colocarmos lentes fantasiosas sobre a realidade, poderemos nos desiludir e nos sentirmos traídos na confiança mais íntima do ser. Professor Hermógenes, um dos pioneiros do yoga no Brasil, fala sobre a criação de uma nova religião chamada “desilusionismo”: “Cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade, por isso temos que agradecer.” Se você teve uma desilusão é porque não estava em plena atenção. Mas não fique com raiva nem de você nem da outra pessoa. Nada é fixo. Nada é permanente. Saber abrir mão, desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos. Por que sofrer? Por que manter relações estagnadas ou de conflito permanente? Ou como transformar essas relações e dar vida nova ao relacionamento? Apreciar e compreender a vida em cada instante é uma arte a ser praticada. Separar-se dói, confunde, mexe com sonhos e estruturas básicas de relacionamentos. Separação pode ser também uma bênção, uma libertação de uma fantasia, de uma ilusão. Observe em profundidade. Será que ainda é possível restaurar o vaso antigo? No Japão, as peças restauradas são mais valiosas do que as novas. Tem história, emoção, sentimento. Cuidado com o eu menor. Cuidado com sentimentos de rancor, raiva, vingança. Esses sentimentos destroem você, mais do que as outras pessoas. Desenvolva a mente de sabedoria e de compaixão. Queira o bem de todos os seres. Isso inclui você. Cuide-se bem e aprecie a sua vida – assim como é –, renovando-se a cada instante e abrindo portais para o desconhecido, o novo – que pode ser antigo, mas novo a cada instante. Mantenha viva a chama do amor incondicional e saiba se separar (se assim for) com a mesma ternura e respeito com que se uniu. Esse é o princípio de uma cultura de paz e de não violência ativa. Que assim seja, para o bem de todos os seres.

Monja Coen


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